A importância das mudanças organizacionais

A idéia que costumamos ter sobre o tema mudanças organizacionais normalmente é deturpada, pois o assunto provoca a sensação de insegurança quanto ao futuro.  Quando pensamos em mudanças logo vem à mente a idéia de risco. E aí surge a pergunta inevitável: por que mudar se tudo está funcionando relativamente bem? Porém, esquecemos que o mundo empresarial pressupõe uma postura aberta a constantes transformações tecnológicas e mercadológicas, o que obriga as organizações a reverem suas estratégias de tempos em tempos. Não se trata de simples escolha, mas de necessidades  prementes. Portanto, não há porque resistir, pois o que está em jogo nesse processo de mudança é a sobrevivência das empresas e de seus colaboradores.
As organizações não mudam porque querem, mas porque precisam. A decisão de mudar quase sempre resulta da constatação de que existe uma forma melhor de fazer algo. A edição de dezembro de 2006 da revista Exame traz matéria de capa intitulada “A segunda abertura da economia brasileira”, onde mostra que o Brasil e as empresas brasileiras precisam se adaptar à nova realidade da economia mundial, sob pena de ficarmos mais uma vez à margem do crescimento econômico tão necessário ao País. Mas para isso, o governo e as empresas precisam rever suas estratégias no que se refere a rotinas e processos que afetam sua eficiência e desempenho. Trata-se de uma decisão que requer coragem para implementar mudanças que assegurem a gestão inteligente dos negócios em um mercado fortemente marcado pela instabilidade e a incerteza.
É claro que as pessoas ficam ansiosas e inseguras porque temem que as mudanças possam representar algum tipo de perda. Mas se por um lado há perdas, por outro há novas oportunidades. Essa é a lei inexorável do mercado. A maioria resiste às mudanças porque crê que elas trarão o desemprego. Por mais legítimo que seja o receio das pessoas, elas precisam compreender que o risco maior reside na não-mudança, porque o mercado não perdoa quem não faz o dever de casa. O avanço tecnológico tem como pano de fundo a crença na inovação. E  não se produz inovação sem mudanças organizacionais. Portanto, é preciso entender que estamos diante de um fato consumado. Ou mudamos ou sucumbimos.
As mudanças organizacionais pressupõem dez passos essenciais:

  1. conceber um planejamento estratégico que seja capaz de alinhar metas e objetivos da organização à política de gestão de pessoas visando garantir produtividade;
  2. buscar novas tecnologias em processos e produtos que assegurem  competitividade no mercado doméstico e internacional;
  3. praticar uma política de justo reconhecimento pelo esforço da equipe para alcançar metas e garantir resultados;
  4. praticar o pensamento sistêmico como meio para integrar todas as áreas estratégicas;
  5. privilegiar a educação continuada com cursos e treinamentos voltados ao bem-estar dos colaboradores e ao aperfeiçoamento profissional, em um ambiente de trabalho sadio e produtivo;
  6. promover o networking interno e externo objetivando a reciclagem e a atualização;
  7. praticar empowerment como meio para descentralizar decisões de rotina, liberando os líderes para a implementação de decisões estratégicas;
  8. garantir ambiente de trabalho propício ao uso inteligente dos talentos e a prática da criatividade inovadora;
  9. estimular a prática do autoconhecimento como ferramenta para a auto-realização que leva ao aumento do desempenho;
  10. conscientizar os colaboradores para a evidência de que não há sucesso nos negócios sem a plena satisfação do cliente.

Os países emergentes que fizeram o dever de casa apresentam taxas de crescimento superiores às nossas, em virtude da adoção de políticas de incentivo ao uso inteligente dos talentos, da inovação e da criatividade. Países como Chile, Coréia, China, Singapura e Índia, têm realizado grande esforço em educação e desenvolvimento científico-tecnológico. O resultado desse esforço é que o crescimento do PIB desses países tem sido bem maior do que o nosso. Além disso, as empresas nesses países tiveram que rever suas estratégias de gestão dos negócios, investindo pesadamente em novos processos e produtos.
Não se trata de receita de bolo, mas de decisões que asseguram mudanças que fazem a diferença entre o sucesso e o fracasso na briga por um lugar ao sol. Não há o que temer, pois também somos competentes para realizar essa tarefa. Por outro lado, as organizações precisam usar o poder da comunicação para transmitir aos colaboradores uma idéia mais precisa do que seja a aplicação de estratégias de mudanças organizacionais para a sobrevivência dos negócios. As mudanças estratégicas são um instrumento fundamental para repensar a empresa como um todo, objetivando alcançar maior  produtividade, eficiência e  competitividade. Quando implementadas, essas mudanças propiciam o sucesso nos negócios e mais lucro. Além disso, asseguram o bem-estar (criativo) dos colaboradores. Para o País é uma questão de decisão de governo. Para as empresas uma questão de sobrevivência. Nesse sentido, mudar é abrir o horizonte para novas oportunidades. Sem medo de ser feliz.

José Diney é consultor especialista em gestão de negócios e gestão de pessoas.

Sobre jdineymatos
José Diney Matos é jornalista, escritor e conferencista. Pós-graduado em ciência e tecnologia e finanças, trabalhou como executivo em empresas de grande porte iniciando sua carreira no Unibanco e encerrando no Grupo Brascan. Há cerca de quinze anos vem atuando como consultor especialista em comportamento nas relações profissionais, gestão de carreiras e gestão de negócios. É fundador e atual presidente do IBEHI – Instituto Brasileiro de Estudos Humanísticos Integrados, entidade educativa associada à ACA – American Creativity Association, que se dedica a estudos e pesquisas sobre desenvolvimento humano, criatividade e qualidade de vida. É autor dos livros Artimanhas do Ego (2004), Bem-Estar Criativo (2006) e A Essencial Arte de Pensar (a ser publicado em 2011).

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